terça-feira, 31 de agosto de 2010

Um Sonho Num Sonho - Edgar Alan Poe

Este beijo em tua fronte deponho
Vou partir, e bem pode parte
Francamente aqui vir confessar-te
Que bastante razão tinhas quando
comparaste meus dias a um sonho.

Se a esperança se vai, esvoaçando,
Que me importa se é noite ou se é dia,
Ente real ou visão fugidia,
De maneira qualquer fugiria
O que vejo, sou e suponho
Não é mais do que um sonho num sonho.

Fico em meio ao clamor, que se alteia,
De uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura,
Com bem força, que é de ouro essa areia.

São tão poucos, mas fogem-me pelos dedos
Para a profunda água escura.
'Ah, meu Deus e não posso salvar
Um ao menos da fúria do mar!'

E os meus olhos se enchem de pranto:
'Oh, meu Deus, e não retê-los,
Se os aperto na mão tanto e tanto!'
O que vejo, sou e suponho,
Seria apenas um sonho num sonho?

Um comentário:

  1. A Dream Within A Dream

    Take this kiss upon the brow!
    And, in parting from you now,
    Thus much let me avow-
    You are not wrong, who deem
    That my days have been a dream;
    Yet if hope has flown away
    In a night, or in a day,
    In a vision, or in none,
    Is it therefore the less gone?
    All that we see or seem
    Is but a dream within a dream.

    I stand amid the roar
    Of a surf-tormented shore,
    And I hold within my hand
    Grains of the golden sand-
    How few! yet how they creep
    Through my fingers to the deep,
    While I weep- while I weep!
    O God! can I not grasp
    Them with a tighter clasp?
    O God! can I not save
    One from the pitiless wave?
    Is all that we see or seem
    But a dream within a dream?

    ResponderExcluir